terça-feira, 5 de maio de 2009

Quem diz que baiano (entenda-se nordestino) é preguiçoso e que tudo vira festa não entende a organização social que as sociedades desenvolvem individualmente.
Cada povo tem sua preocupação. Os "louros-de-olhos-azuis" estão preocupados em criar uma crise para tem o que resolver, para ter motivo para se preocupar. Os paulistanos estão preocupados em manter a pobreza e o analfabetismo para continuarem sendo os ricos de um mundo pobre. Os outros eu não sei com o que estão preocupados, mas nós estamos preocupados em ser feliz. Já somos tão pobres, sofremos tanto com deslizamentos, alagamentos, fingimentos, zizimentos e tetementos que se ainda formos nos preocupar em trabalhar muito e ganhar muito dinheiro e ser muito rico, cortaríamos os pulsos e nos jogaríamos da janela mais alta que tivéssemos acesso.
Eles fingem que todos têm possibilidade de ser milionário, mas nós sabemos que não é bem assim (mesmo jogando em todos esse jogos lotéricos na dúvida). Vamos levando como dá: tomando uma cachaça aqui, fumando um cigarro ali, engolingo uns sapos acolá... e sendo feliz, porque senão, ninguém segura esse rojão.
Deixemos eles se sentirem bem trabalhadores estressados donos do mundo. Um dia, esse mundo cai. Quanto a nós, sejamos o que quisermos (dentro de nossas possibilidades, claro).


"e eu que não creio peço a deus por minha gente, é gente humilde, que vontade de chorar"

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Loucos Tempos

Eu sabia que quando começassem as aulas minha produção escrita iria cair muito. Enfim, aqui estou.
Um dia disse para uma amiga que ia falar mal de deus aqui. Resolvi falar mal dos homens, os fantásticos (de fantasia) criadores de deus à sua imagem e semelhança.
Desde pequeno nos ensinam que deus nos criou à sua imagem e semelhança. Escreveram até um grande livro chamado bíblia para provar isso. Tudo o que eles conseguiram me provar foi o contrário.
Deus, o todo poderoso, o acima do bem e do mal, o provedor, o exigente de boas atitudes, de amor acima ao próximo acima do ilimitado, jamais criaria homens tão frios e cruéis com seu semelhante.
Mas o homem sim. Esse homem violento, calculista, capaz de atrocidades infames contra seus irmão, é capaz de criar um deus onde ele possa descarregar toda sua maldade como vontade divina.
É muito conveniente colocar culpa da desigualdade social (e todas as outras mazelas humanas) criada e reafirmada todos os dias por uma sociedade negligente, composta desses mesmos homens, nos karmas da vida passada ou como um castigo divino.
Deus, coitado, se tornou uma mera ilustração do espetáculo, um pobre bode expiatório.

Mas o dia do juízo final está chegando. Vamos ver quem sobrevive: deus ou o homem.

"y el sudor de cristo dibujado sobre un manto"

quarta-feira, 11 de março de 2009

O individualismo exacerbado.

A grande maioria das teorias sociais que explicam o homem, que estudam o homem, que guiam o homem, sejam as religiões, as psicologias, os direitos, todas direcionam o homem para o individualismo.
Todos sentem na pele esse egoísmo das pessoas, essa lei do cada um por si. Claro que o defeito sempre está no outro, porque somos perfeitos e nascemos no mundo errado. Viemos fora de época. O que eu não entendo é: se todos somos bons, quem são "eles"?
Mas a discussão que eu quero trazer não é essa. O capitalismo destruiu as possibilidades do homem ser um ser social e sociável. Talvez até sociável, mas com relações completamente superficiais e de interesses próprios. Mas todas essas discussões já foram mais que debatidas e todos já estão carecas de saber disso.
O problema agora é que esse individualismo está transpondo a barreira simbólica da ação. As pessoas ("eles"), estão cada vez mais se individualizando dentro de si, não sendo nem mais capazes de dividir pensamentos. Não se argumenta mais, não se debate mais. "Eles" ouvem e conversam consigo mesmo, concordando ou discordando, mas não têm a coragem de dizer isso em voz alta, sei lá porque. Talvez "ele" com si mesmo já se baste.
Porém, como "ele" não tem esse outro alguém, o alter ego, com quem discutir isso, "ele" sempre se achará auto-suficiente. Um dia "ele" estará velho o suficiente e lhe será cobrado um relacionamento sério. Nesse dia, "ele" conhece alguem, casa, filhos, e mais um relacionamento superficial com outra pessoa, porque "ele" não precisa dela, "ele" se basta.
O mundo está se complicando e ao invés de "as pessoas" conversarem para tentar encontrar qualquer solução que seja, "elas" estão se fechando cada vez mais em si mesmas; somos as ostras na terra.
Eu não sei qual será nosso futuro, nem quero fazer projeções ou especulações em cima disso; mas eu estou sinceramente com medo, e a minha peteca já está solta no ar.
Entro mesmo neste jogo?

sexta-feira, 6 de março de 2009

Tudo tão irritantemente morno. Tudo igual. Todos iguais. Alguma coisa muito nova tem que nos acontecer, e muito em breve. Esse marasmo, essa falta de emoção, de vontade desanima qualquer um para o corrido cotidiano de inutilidades.
"Show me from behind the wall" Somebody show me something behind the wall.
Eu preciso de coisas novas, de matérias novas, de conteúdo novo.
Eu preciso de gente nova, de discussões novas, de conteúdo novo.
Cada dia que passa eu desisto mais de minha peteca. Ela parece não ter utilidade, ela não traz mais nem música nem dança. Ela não anima mais, não traz mais esperança.
Ao contrário.
"Mas via outras coisas, via a moça forte, e a mulher macia dentro da escuridão."
Oh peteca que me custa tanto a cair...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Do erro

Se eu erro? Claro.
Eles que não sabem que eu sei disso.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Da Comodidade

Sempre que a coisa aperta, compramos um tamanho maior.
E resolvemos o problema.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ontem minha avó estava me contando uma lição que seu pai havia lhe dado e que ela nunca esqueceu. Era assim:
"O mundo é côncavo, mas estão fazendo tanta besteira, colocando tanto lixo em cima dele, tanto ódio, tanto etc que ele está ficando convexo. Ele está achatando, até virar de vez. No entanto, têm pessoas boas, pregando o amor etc, que são as hastes do planeta, que seguram ele redondo, que não o deixam virar.
Então, minha neta, quando eu estou bem triste, bem achando que o mundo é ruim, eu lembro disso e me revigoro. Eu não posso deixar a peteca cair. "
Bem, eu estava precisando ouvir aquilo e ela nem sabia. nesse momento, segurei minha peteca com bastante força e pensei: "não irei soltá-la, ela não pode cair."
Fui embora. De noite, "POW". Deram um murro na minha peteca. "Tudo bem", pensei. No dia seguinte, de tarde, "POW". Deram outro murro na minha peteca. "Tudo bem?", pensei.
Não sei mais se quero esse fardo de segurar essa peteca. Ela está ficando muito pesada. Cada vez mais pesada, e eu não tenho essa força toda. Se eu pudesse dividir seu peso, mas não posso.
Eu não sei mais onde está a redenção do mundo. Já acreditei na esperança, já acreditei no amor. Na verdade, eu ainda acredito neles, só não sei onde eles estão, então...
Eu poderia segurar a minha peteca por alguém que a ama, mas aí eu não estaria sendo sincera comigo mesma. Eu preciso de razões minha para segurá-la, e só encontro razões para largá-la. Alguém me diria nesse momento: é deus testando sua força ou qualquer coisa do tipo. Eu reponderia: eu que vou testar deus agora, vamos ver se ele segura a minha peteca, porque eu cansei de segurar a dele.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Todos no fundo sabemos que aquelas grandes amizades se afastarão de uma forma ou de outra no futuro. Não porque as partes mudaram, nem porque não se suportam mais, mas simplesmente porque "a vida" nos dá várias outras obrigações.
Quando o primeiro do grupo começa a namorar, todos reclamam, dizem que ele se afastou, que não liga mais para os amigos. Mal sabem ele que esse será o destino de todos. Repito, não porque deixamos de gostar dos nossos amigos, mas porque acabamos nos entretendo demais com a outra pessoa.
O pior, é que a situação só piora. Outro começa a namorar, depois outro, até que todos estão sérios, com relacionamentos firmes. Ainda amam os amigos, muito mesmo, mas ligam menos, saem menos.
Um dia, todos resolvem sair juntos. Uma alegria linda, todos cheio de novidades, de histórias, de passado, e as novidades vão acabando, acabando, a cada um começa a conversar com seu parceiro, pedem a conta e se vão.
É claro que eu estou usando um tom super triste. Não é que seja triste triste, mas é que me incomoda.
Eu sempre soube disso. Eu sempre fui daquelas pessoas que não criticou o primeiro amigo que se afastou, porque eu sabia que um dia seria eu. Mas agora que isso é um fato real, que absolutamente todos os meus amigos estão namorando, tirando uma muito próxima, que eu já estou vendo menos, e duas que eu já naturalmente falo pouco, começa a doer.
Eu não quero que o tempo volte. São as fases "da vida". Mas eu queria ver mais meus amigos. Eu queria poder passar o carnaval com eles. Eu queria um monte de coisas com eles. Um monte de coisas cada vez mais difíceis de voltar.
Enfim, um pequeno desabafo. Todos vão casar, ser felizes o quanto puderem e ligar pros amigos alguns fins de semana. Não serão mesmo menos amigos. Mas se verão menos, com certeza.

Dedicado à:
L.O;
D.C;
A.F;
L.N;
L.M;
C.B;
T.C;
L.B;
J.C;
M.M;

meus eternos amigos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Desmentindo um pouco daquilo que escrevi antes, estou desacreditando das pessoas. Cada vez mais é cada um por si. Tirando minha amiga do peito que está comigo para qualquer hora, e meu amor que se mostra incondicional para mim, eu não sei mais em quem confiar. Da família a gente sempre espera ajuda, talvez apoio, mas já não tenho tanta certeza.
Eu ainda tenho conhecido pessoas boas, solícitas, que querem realmente não atravancar seu caminho. Elas são mínimas no entanto. Não consigo entender como coisas tão simples podem custar tanto de serem feitas. Um "bom dia"; uma passagem no trânsito; uma conversa trivial; um olho-no-olho. Minhas esperanças de que isso pudesse mudar se foram junto com minhas esperanças de que "eu faço minha parte". Quanto mais "faço minha parte", mais isso me dói, mais me faz sofrer ver que 'eles' estão se tornando cada vez mais incapazes, e eu também.
Certa feita, uma colega na aula de sociologia disse que poderíamos mudar o país dando bom dia às pessoas na rua. Eu a escaldei então, fazendo um discurso político socialista-revolucionário. Errei.
De fato, um simples 'bom dia' não vai mudar o país, nem diminuir suas desigualdades sociais, nem acabar com a miséria, nem unir direita e esquerda. Um simples 'bom dia', entretanto, pode tornar as pessoas mais sensíveis, mais visíveis, mais interativas. Talvez esse 'bom dia' deixasse que esquerda e direita conversassem com um mínimo de civilidade para encontrar uma medida mais apropriada para as questões em pauta, e não um 'cada-um-defende-o-seu-e-os-outros-que-se-lasquem'.
Enfim, estou desacreditando das pessoas. Espero que minha profissão me ajude a ver o contrário; me ajude a ver que 'essas pessoas' estão escondidas no mais profundo de si, procurando uma brecha para virem ao mundo. Assim ainda espero.
E da próxima vez que alguém for discutir qualquer coisa, que comece com um simples 'bom dia'.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

É possível que eu me desgarre um pouco de meu objetivo inicial e inverta os papeis. De vez em quando é bom.
Falando em preferências, eu prefiro acreditar. Acreditar que vai dar certo, que eu vou conseguir etc. Não é positivismo (no sentido de pensar positivo), nem otimismo, nem coisas do gênero. É simplesmente um modo mais tranquilo de viver. Viver achando que vai dar certo, dá muito menos trabalho, gasta muito menos energias.
Há quem diga que quanto mais alto se sobe, mais dura é a queda. São fracos. preferem vier sofrendo pequenas dores, que ser feliz, por medo de ter uma dor maior.
É fato que não se vive sem dor. Sejam maiores ou piores, sobrevivemos a ela. Morrer dá trabalho, dá mais trabalho do que pensam por aí...
Eu prefiro ser feliz. Eu prefiro acreditar. Se dói um pouco mais? Talvez. Mas vale mais a pena.
Acho que tem outro fator também: quem acredita nem sempre alcança, mas, com certeza, sempre corre atrás. E quem corre atrás, tem muito mais chances de conseguir, consequentemente, mais chances de ser feliz. Ou não. Quem se importa?
"O importante não é chegar, o importante é o caminho". Clichê? Sim. Mas que o caminho é importante, ah, isso é.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu tenho um lema, que não sei se é propriamente meu, ou se eu vi em algum ligar e fiquei para mim: assim é se assim lhe parece.
Quem sou eu para dizer quem está certo ou quem está errado? Se eu sou o outro, logo a culpa será sempre minha. Que posso fazer? Trabalhar isso em minha análise e deixar que os outros sejam felizes em sua ignorância.
Felizmente, passei da fase de tentar convencer alguém de qualquer coisa. Dá muito trabalho e o resultado é quase sempre lastimável. Eu discuto apenas pelo prazer da discussão, que é quase sempre muito interessante. Eu sei no que eu acredito (ponto.) Quanto aos outros, que falem por si.
Eu não sei se concordo que colocar a culpa sempre nos outros beira a genialidade. Com certeza é muito confortável, mas eu não diria genial. Viver/Ser de mentira não é genial. Viver/Ser na mentira não é genial. Eu gosto do conhecimento. Eu prefiro saber. A verdade dói. Eu prefiro saber.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Abertura

Eu fiz este blog simplesmente para atender às desmandas de uma amiga, poder responder aos seus textos sem ter que me limitar aos "comentários".
Eu provavelmente escreverei coisas aqui que provavelmente só ela terá acesso, porque só pensar na possibilidade de escrever aqui já faz meu coração bater mais forte, imagine dar este endereço para mais alguém.
É possível que ele fique muito tempo sem ser atualizado, principalmente quando as loucuras de um semestre começarem a reaparecer. Prometo me esforçar. E prometo colocar aqui o que eu colocaria lá.
Por hoje é só. É apenas a abertura. Responderei seu próximo texto, assim que um próximo texto for postado.
Até lá.