quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Todos no fundo sabemos que aquelas grandes amizades se afastarão de uma forma ou de outra no futuro. Não porque as partes mudaram, nem porque não se suportam mais, mas simplesmente porque "a vida" nos dá várias outras obrigações.
Quando o primeiro do grupo começa a namorar, todos reclamam, dizem que ele se afastou, que não liga mais para os amigos. Mal sabem ele que esse será o destino de todos. Repito, não porque deixamos de gostar dos nossos amigos, mas porque acabamos nos entretendo demais com a outra pessoa.
O pior, é que a situação só piora. Outro começa a namorar, depois outro, até que todos estão sérios, com relacionamentos firmes. Ainda amam os amigos, muito mesmo, mas ligam menos, saem menos.
Um dia, todos resolvem sair juntos. Uma alegria linda, todos cheio de novidades, de histórias, de passado, e as novidades vão acabando, acabando, a cada um começa a conversar com seu parceiro, pedem a conta e se vão.
É claro que eu estou usando um tom super triste. Não é que seja triste triste, mas é que me incomoda.
Eu sempre soube disso. Eu sempre fui daquelas pessoas que não criticou o primeiro amigo que se afastou, porque eu sabia que um dia seria eu. Mas agora que isso é um fato real, que absolutamente todos os meus amigos estão namorando, tirando uma muito próxima, que eu já estou vendo menos, e duas que eu já naturalmente falo pouco, começa a doer.
Eu não quero que o tempo volte. São as fases "da vida". Mas eu queria ver mais meus amigos. Eu queria poder passar o carnaval com eles. Eu queria um monte de coisas com eles. Um monte de coisas cada vez mais difíceis de voltar.
Enfim, um pequeno desabafo. Todos vão casar, ser felizes o quanto puderem e ligar pros amigos alguns fins de semana. Não serão mesmo menos amigos. Mas se verão menos, com certeza.

Dedicado à:
L.O;
D.C;
A.F;
L.N;
L.M;
C.B;
T.C;
L.B;
J.C;
M.M;

meus eternos amigos.

Um comentário:

  1. Como dói ler tudo isso.
    Dói pela certeza da veracidade, pelas confirmações que temos todos os dias e pela impossibilidade de inventarmos argumentos contrários a tudo isso.
    A vida vai mesmo seguindo e nos apresentando novos cenários. A gente vai levando a vida e tentando fazer o melhor com o que nos é apresentado e com o que conseguimos construir.
    Carregar com a gente todos os amigos que reconhecemos no caminho é tarefa impossível. Se formos ficar presos as certezas geográficas e temporais ou as leis da física, mais impossível ainda.
    A vida impede isso. A vida de cada um de nós impede que a ligação do passado (exatamente como era) seja transportada para o presente, levada para o futuro.
    Muitas pessoas ficarão pelo caminho. Isso dói tanto...
    Mas ficarão porque acreditam mais na geografia e no tempo, na física e na materialidade das relações.
    Muitas amizades serão duramente transformadas. E isso também dói muito.
    No entanto, as pessoas que conseguirem entender (junto com a gente) a beleza do “longe - perto” e do “nunca - sempre” vão inevitavelmente caber na bagagem.
    Das amizades que cultivo, que nutro, que cuido... me sinto pra sempre próxima. Sei que meus amigos estão todos ao alcance das minhas mãos. Talvez quilômetros de distancia nos separem, talvez o tempo tenha mexido com a gente, mas ainda assim a mão alcança. “Longe - perto”. Não será igual. Talvez não seja tão preciso, mas “as coisas se transformam e isso não é bom nem mau”.
    As amizades que não desmoronam por não terem a materialidade do encontro, a repetição do cotidiano ou a facilidade do contado, também tem lugar garantido na mala.
    Por mais que nunca esteja com eles, sempre estarei com eles. Por mais que nunca estejam comigo, pra sempre estarão comigo. Ao alcance das mãos amigas.
    Mas se por um lado a nossa mala segue cheia, sem dúvidas, ela segue diferente.
    Talvez, não se consiga a mesma magia. Talvez não tenhamos o tão desejado abraço amigo. Talvez nos falte (e pra sempre doa em nós essa falta) um universo de coisas antes tão simples, tão leves. Talvez a saudade dos velhos tempos fale mais alto em alguns momentos.
    Uma certeza apenas: as amizades verdadeiras não morrem, nem se perdem e pra sempre valerão a pena. Elas podem apenas se transformar algumas vezes ao longo do caminho e isso aperta mesmo o coração.

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