sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ontem minha avó estava me contando uma lição que seu pai havia lhe dado e que ela nunca esqueceu. Era assim:
"O mundo é côncavo, mas estão fazendo tanta besteira, colocando tanto lixo em cima dele, tanto ódio, tanto etc que ele está ficando convexo. Ele está achatando, até virar de vez. No entanto, têm pessoas boas, pregando o amor etc, que são as hastes do planeta, que seguram ele redondo, que não o deixam virar.
Então, minha neta, quando eu estou bem triste, bem achando que o mundo é ruim, eu lembro disso e me revigoro. Eu não posso deixar a peteca cair. "
Bem, eu estava precisando ouvir aquilo e ela nem sabia. nesse momento, segurei minha peteca com bastante força e pensei: "não irei soltá-la, ela não pode cair."
Fui embora. De noite, "POW". Deram um murro na minha peteca. "Tudo bem", pensei. No dia seguinte, de tarde, "POW". Deram outro murro na minha peteca. "Tudo bem?", pensei.
Não sei mais se quero esse fardo de segurar essa peteca. Ela está ficando muito pesada. Cada vez mais pesada, e eu não tenho essa força toda. Se eu pudesse dividir seu peso, mas não posso.
Eu não sei mais onde está a redenção do mundo. Já acreditei na esperança, já acreditei no amor. Na verdade, eu ainda acredito neles, só não sei onde eles estão, então...
Eu poderia segurar a minha peteca por alguém que a ama, mas aí eu não estaria sendo sincera comigo mesma. Eu preciso de razões minha para segurá-la, e só encontro razões para largá-la. Alguém me diria nesse momento: é deus testando sua força ou qualquer coisa do tipo. Eu reponderia: eu que vou testar deus agora, vamos ver se ele segura a minha peteca, porque eu cansei de segurar a dele.

2 comentários:

  1. A dor é sempre nossa e só nossa. O peso da peteca é carregado por nós e somente por nós. Não tem outro jeito.
    Um dia eu coloquei no meu blog que tinha aprendido que a beleza da vida é conseguir fazer o processo alquímico de transformar a dor em alegria, o peso em pluma. Acho que é isso que nos torna fortes.
    O melhor caminho é mesmo duro. Conhecimento dói, educação dói, honestidade dói... Confiar no amor cansa, acreditar nas pessoas cansa, lutar pelo bem cansa...
    Não tem jeito. É mesmo assim que funciona.
    Mas do mesmo jeito que quando carregamos um peso o nosso músculo vai se fortificando e aguentando cada vez mais pesos, as dificuldades vão sendo superadas e nos transformando em pessoas mais fortes e mais próximas de uma vida que merece respeito.

    Volta por cima. Sempre a volta por cima.

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  2. O único problema é que ninguém sabe quem inventou esse conceito de "respeito".

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