quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ociosidade.

O ócio é depressor.
Começo com uma frase bem taxativa para expressar minha indignidade contra aqueles que professam que o ócio é criativo. Criativo de quê?
Quando estamos ociosos nós somos obrigados a nos deparar com nossos próprios pensamentos e, com eles, nossos próprios fantasmas.
Descobrimos que nao somos tão bonitos quanto Rodrigo Santoro, nem tão ricos quanto Sandy, nem tão sadios quanto Giba, nem tão articulados como Boner, nem tão líderes quanto Lula. Enfim, descobrimos que não somos tão nada.
Se deparar com a realidade de nossa infineza (neologismo para alguém/algo de tamanho ínfimo) é muito doloroso. E a dor, como toda boa dor, dói.
Assim, nos deparamos com a dor de nosso corpo cansado do dia-a-dia, com a dor de nossos sonhos quase nunca realizados, com a dor de não podermos ser utópicos, com a dor de um futuro incerto e impreciso. São muitas dores para serem articuladas por um só ego. Como isso pode ser criativo?
Obviamente, não acredito que não pensar, que não se deparar com essas questões seja positivo nem seja solução de nada. Mas criativo não é.
O labor diário impelido a milhões de viventes é uma forma de não deixar que este tipo de reflexão, inevitável no ócio, seja feita e que atitudes sejjam tomadas em relação a isso. Por isso nos enchem de novelas, seriados, caras, bundas, vejas, coco, coco e mais coco (agora sem acento). Tudo para que não consigamos nos deparar com o duro pesar do ser. (Quem disse que ser era leve, definitivamente não conseguiu sustentar isso!).
Na verdade, a vida é, de fato, insustentável. A quê nos apegamos? Definitivamente, não à complexidade dos seres e a perfeita harmonia dos organismos; não há um desenvolvimento aprimorador de habilidades e adaptador de ambientes; não às normas socias que não tem conseguido cumprir bem seu papel de agregar as pessoas. Nos apegamos a algo que não podemos ver, de força maior, que tudo vê e que tudo pode. Algo que não está aqui e estão ao mesmo tempo. Algo que não está dado e está ao mesmo tempo. Nos apegamos a algo que fomos obrigados a criar que tentar sustentar o insuportável: a dor de ser insustentável.
Cada um acredita no que pode...enquanto isso, preciso arranjar ocupações laborais para aliviar minha mente.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Reforço

Eu já falei disso aqui uma vez, mas não custa reforçar.
Eu acredito nos pequenos gestos. Na verdade, não necessariamente nos pequenos, porque muitas vezes eles não são pequenos, mas nos gestos silenciosos, sutis.
Pessoas que marcam minha vida são aquela as quais eu ligo para contar que estou muito feliz, depois de ter passado um tempo muito triste,e não o contrário. Sempre tem alguém que vai ouvir nossos lamúrios e tentar afagar nossa dor. Assim como sempre vai ter alguém que vai te desejar parabéns pelo seu sucesso e te olhar de canto de olho. Mas não é todo mundo que ouve nossa felicidade e compartilha dela. Ouvir até podem, compartilhar é mais difícil.
Serei mais explícitta: dedico este post a uma amiga, que ouviu toda a minha dor, e agora compatilha de minha felicidade. E eu tenho certeza que compartilha sinceramente. E ela não precisou deixar depoimentos no orkut, ou atender telefonemas de madrugada, ou qualquer coisa do gênero. Ela só precisou esar ali, dividir comigo experiências e esperar, ao meu lado, o momento passar. Porque, por mais que pareça que não tenha fim, o tempo sempre passa.
Obrigada, de novo, amiga, pela força e pelo tempo doados com preocupação, carinho e sinceridade. Tenha certeza de que é recíproco.

"Se eu saísse correndo, gritando, cantanddo 'é fogo'
num pulo a colméia inteira vinha
(...)
Vai valer então, vai valer" (Herbert Vianna)