segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Minha Dilma

Estava hoje conversando com uma amiga e lhe revelei que quanto mais eu conheço pessoas, mais eu descubro que elas são estranhas. Não estou falando de uma estranheza associada a uma não-normalidade, como diria Bauman, porque o conceito de normalidade é somente um construto, e como todo construto, socialmente elaborado e facilmente modificével.
À estrenheza que me refiro é de outra ordem. É a estranheza da dor, do egoísmo, da exploração, da humilhação... Freud talvez dissesse que essa é a natureza do homem, e se ele se comporta assim, é porque a sociedade (civilização) não tem feito seu papel direito. Não discordo totalmente de Freud, nem poderia, mas talvez eu precise achar isso tudo muito estranho. Não me custa nada o bem, o amor, a ajuda, o carinho, a atenção, a delicadeza, por que então isso parece custar tanto aos outros?
Por que não podemos nos preocupar com a dor do outro com o ituito de atenuá-la e não de acirrá-la? Por que não usar as palavrinhas mágicas, "por favor", "com licença", "obrigada(o)" etc? Por que não sorrir? Porque não retribuir? Por que cobiçar o outro em tudo o que ele tem, seu corpo, sua mente, seus bens, seus amigos, tudo, por que?
Eu não sei, definitivamente, a resposta para nenhuma dessas perguntas - aliás, estou partundo do pressuposto que existem repostas para tais questionamentos. Quanto mais eu leio, quanto mais eu pesquiso, quanto mais tento conhecer o comportamento das pessoas, mais me decepciono, mais me desiludo.
Não podemos mudar o outro, já temos muita dificuldade de nos mudarmos a nós, quiçá. Podemos ser, de repente, o reflexo de um pensamento, um olhar passageiro, uum rápido passar de tempo. A hipótese de que isso possa fazer alguma diferença é tão boa quanto a outra, a de não fazer diferença nenhuma (parafraseando Saramago).
Não sei mais o que pode acontecer. Preciso me agarrar a qualquer fio de esperança. Então vai, Dilma, faz o que pode, por favor.

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