sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A importância de sonhar

Eu já não sonho mais. Eu sonhava enquanto procurava um sentido para a vida. Não o encontrei e não sonho mais. Isso não significa que não faça mais planos ou que não pense como pode ser meu futuro. Mas não são sonhos: são planos – e como todos os planos, podem ou não dar certo, e não faz tanta diferença assim.
Mas uma vida sem sonho é uma vida triste. Não que eu considere minha vida uma vida triste, mas a expectativa do mundo é capaz de nos mover muito mais longe que mera racionalização da realidade. A realidade, assim como ela é dada, é insuportável. É somente a fantasia que nos faz suportar um mundo tão mitificado quanto este que nos tem sido dado.
Desmitificá-lo, entretanto, pode torná-lo tão duro quanto ele já o é. A mudança, todavia, é sempre uma possibilidade de sonho, uma possibilidade de se criar novos mitos para que a vida seja mais suportável. Acho que é aí que entra a importância do sonho. Só se constrói novos mitos para uma vida quando se acha que se pode mudá-la.
Por isso os sonhos nunca são pequenos. Quem pode dizer que o sonho de ser uma empregada doméstica de uma menina que mora na roça vale menos do que o sonho de ser princesa de uma menina que assiste os contos da Disney? Porque o sonho de ser motorista de ônibus provoca mais piedade que o sonho de ser piloto de avião?
São todos uma forma de mudar o mito em que se está inserido. As duas serão princesas se conseguirem entender como seus sonhos tem o poder de dignificá-las e os dois serão trabalhadores e participarão do mito coletivo de desenha este mundo.
O que não se pode esquecer, e normalmente se esquece quando se deixa de ser criança, é que a mudança é sempre possível. E o sonho nos faz confiar nisso. Viver sem saber que isto pode mudar, ou viver sabendo que isto é imutável e desesperador, e o desespero nos corrói, nos paralisa. Só somos seres de transformação à medida que nos movimentamos, e só nos movimentamos enquanto sonhamos.
O desespero só está aonde o sonho se perdeu.

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