sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Solidão

Eu não acredito em deus. Acho que isto já está mais que claro. Nós ficamos inventando essas coisas para não nos depararmos com o fato de que somos sós. Até tentamos nos relacionar durante a vida para aplacar este sentimento, mas no fundo estamos sós, e morremos sozinhos.
Há quem diga que também nascemos sozinhos. Eu descordo. Para a maioria das pessoas, o nascimento é cheio de gente, alegria, expectativas etc. Assim que saímos da escuridão, todos querem te carregar, apertar a bochecha bla bla bla.
Mas na morte não é assim. Não há ninguém "lá" te esperando. Não há nada, aliás. E essa sensação de solidão na finitude, que poucos conseguem suportar, e recorrem a deus.
Não é atoa que deus está quase sempre no lugar da dor.
Eu poderia inventar uma teoria religiosa, já que me ocorreu agora.
Na teoria, todos os seres vivos passam por duas grandes passagens na vida: o nascimento e a morte. (Vou reduzí-la aos humanos, porque os outros seres vivos são subjulgados nas religiões). Mas, poderíamos pensar a vida (ou a espiritualidade, se quiserem) como uma única passagem - da morte para a vida.
No momento em que morremos, sozinhos, e perdemos consciência do nosso corpo, nós caímos em um buraco negro e imediatamente depois saímos em outra dimensão do tempo/espaço, onde estamos acabando de nascer, sendo esperado por diversas pessoas. Assim, a morte não seria mais o fim, sim uma passagem para uma nova vida real, e não espiritual.
Se dormimos para acordar, morremos para nascer. Ainda não acabei com a existência de deus, porque a vida ainda é solitária; entretanto tirei um bom poder dele, pois a morte deixou de ser.

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